A MÃE CÓSMICA EM TODA A SUA DIMENSÃO ESPIRITUAL

BOM DIA MESTRES: INVOCANDO AS BENÇÃOS DA DEUSA MÃE

A MÃE CÓSMICA

Deus não tem figura nenhuma. Deus é Coessencial com o Espaço abstrato absoluto. Deus é aquilo… aquilo… aquilo…
Deus tem dois aspectos: Sabedoria, Amor. Deus como Sabedoria é Pai. Deus como
Cristo é o filho de Deus. Cristo não é um Indivíduo. Cristo é um Exército. Cristo é o Exército da voz. O verbo.
Antes que raiasse a Aurora do novo dia Cósmico, o Pai, a Mãe e o Filho eram Um, Aquilo… Aquilo… Aquilo…
Deus como Pai reside no olho da Sabedoria. Este olho está situado entre as duas sobrancelhas.
Deus como Mãe reside no Templo-Coração.
Sabedoria e Amor são as duas Colunas Torais da grande Loja Branca.
Dentro de cada ser humano existe um soldado do Exército da Voz. Esse é o Cristo interno de todo Homem que vem ao Mundo.
O homem Sétuplo é tão só a sombra pecadora desse soldado do Exército da Voz.
Necessitamos encarnar o Homem-Sol, o Cristo interno. A Mãe Divina nos ajuda. Pedi e recebereis, batei e abrir-se-vos-á.
Deus como Amor é Ísis, a quem nenhum mortal levantou o véu. Quem se atreveria a levantar esse véu terrivelmente divino? Ai dos profanos e dos profanadores que se atrevam sequer a tocar o véu de Ísis!
Quando o Devoto faz seus rogos à Mãe Divina, deve ter sono e estar submerso em profunda meditação interna. O verdadeiro devoto não se levanta de sua cama, não come nem bebe até receber a resposta da Divina Mãe.
A Mãe Cósmica não tem forma, mas agrada-lhe tomar alguma forma para responder ao suplicante. Pode apresentar-se como Ísis, Reia, Cibele, Tonantzin, Maria, etc. etc. etc.
Depois que a Divina Mãe deu sua resposta ao devoto, desintegra sua forma instantaneamente, porque não necessita dela.
A Divina Mãe é o segundo aspecto d’Aquilo, e se chama Amor. O amor é uma substância que é Coessencial com o Espaço Abstrato muito profundo.
A Divina Mãe não é uma Mulher, nem tampouco algum Indivíduo. É unicamente uma Substância incógnita.
Qualquer forma que Isso tome se desintegra instantes depois. Isso é Amor.
Deus-Mãe é Amor. Deus-Mãe nos adora, nos ama terrivelmente. A Deusa Mãe do mundo sobe pelo canal medular convertida em serpente de fogo quando trabalhamos com o arcano A.Z.F.
A Deusa Mãe do mundo é Devi Kundalini.
A Divina Mãe leva seu menino em seus braços amorosos. O Cristo interno de cada homem é esse Menino. A Mãe é Aquilo… Aquilo… Aquilo… Ísis… Amor… Mistério…
O devoto que quiser poderes deve pedi-los à Divina Mãe. O verdadeiro devoto se humilha perante Deus-Mãe.
Se o devoto verdadeiramente resolve corrigir seus erros e trilhar a senda da santidade, pode pedir à Divina Mãe perdão por seu Karma passado e a Mãe Divina o perdoa.
Mas se o devoto não se corrige nem segue a senda da santidade, é então inútil pedir perdão à Mãe Divina, porque ela não o perdoa.A Mãe Divina perdoa seus filhos arrependidos verdadeiramente. Ela sabe perdoar seus filhos porque são seus filhos.
Todo o Karma das más ações de passadas reencarnações pode ser perdoado pela Mãe Divina. Quando o arrependimento é absoluto, o castigo perde o efeito.


A mulher como representação da Mãe Cósmica


   
- Em Mulher GnósticaTantrismo

Paramahansa Yogananda, um dos grandes difusores da sabedoria yogue no Ocidente, ensinou sobre a Mãe Divina:
Toda mulher deveria ser um instrumento do amor da Mãe Divina, sentindo o mesmo amor pelo mundo inteiro. Ao inspirar os homens por meio de semelhante amor, a mulher oferece a maior bênção que possui.
Uma mulher cheia de ódio e ira verá essas mesmas qualidades no homem. É por isso que toda mulher deveria evitar deixar-se levar por seus estados de ânimo, mantendo-se sempre livre de toda emoção equivocada. Isso porque, quando é vítima do ciúme ou do ódio, a mulher perde a qualidade intuitiva, o dom especial que Deus lhe concedeu. Minha mãe, por exemplo, possuía uma grande intuição, porque sua mente era livre de todo ciúme, ódio e ira.
Todas as mães estão destinadas a ser uma manifestação do amor incondicional de Deus. Mas as mães humanas são imperfeitas; somente a Mãe Cósmica é perfeita. Quando vejo a cegueira de algumas mães humanas, penso: “Este não é, na verdade, o amor ilimitado da Mãe Divina”. Quando o amor de uma mãe alcança um grau de perfeição tal que não há mais nem limitação nem qualquer anseio de posse, ele se converte no amor da Mãe Divina.
A mãe deve oferecer seu amor maternal a todos por igual, e não apenas aos próprios filhos. “Mas não é possível acudir a todos os seres do mundo e oferecer-lhes tal amor”, poderão dizer. Existe, no entanto, um caminho mais fácil para desenvolver o amor incondicional. Ao meditar, concentre-se no coração e afirme: “Sinto Deus como a Mãe Divina”. Depois, ao tomar consciência desse grande Amor, irradie-o mentalmente a todas as criaturas da terra.

Acaso o amor humano não é uma expressão do Amor Divino?

Dessa forma, em vez de objeto de tentação, irá convertê-las em objeto de inspiração. Bendigo todas as mães, e lhes digo: Abarque todos os seres no amor que Deus pôs em seu coração! Deve sentir-se orgulhosa de que a Mãe Divina tenha assumido sua forma no intuito de oferecer um amor tangível ao mundo, não apenas a seus filhos, mas a todas as criaturas da terra. Deveria esforçar-se para lembrar sempre o fato de que o amor divino que flui através de você é incondicional. Não é seu amor, mas o amor da Mãe Divina que mora em seu interior.
Seu orgulho maternal não deveria limitá-la nem torná-la possessiva; só assim será verdadeiramente bendita, e dirá: “Sinto-me orgulhosa não só por ter um ou dois filhos, mas por todos os filhos que tenho espalhados pela terra”. Somente então, conseguirá identificar-se com a Mãe Divina.
A mãe que considera todos como seus próprios filhos não é apenas uma mãe mortal; uma mulher como essa converte-se na Mãe Imortal. Isso aconteceu com todas as santas que realizaram a seguinte verdade: “O amor que sentia por meus entes queridos, sinto-o agora por todos. Sei que não sou este corpo; sou a Mãe Divina onipresente”.
Reflita sobre aquilo em que você pode converter-se: em lugar de uma simples mulher, pode ser a Mãe Divina! E por que não? Ela a criou à sua semelhança, e você deve manifestar Sua imagem por meio de seu amor por todos.
O amor incondicional ao qual me refiro não é um amor cego. Não se trata de ignorar os erros de um filho, mas de amá-lo apesar de suas faltas. Não deve desconhecer suas ações erradas, nem apoiá-las. Mesmo aceitando ardentemente o amor de meu pai e de minha mãe, nem por isso deixei de notar os defeitos de ambos. Meu pai era excessivamente rigoroso, e minha mãe, excessivamente doce.
Foi assim que compreendi, pela primeira vez, a verdade de que cada pai deveria amenizar sua razão com certa dose de amor, enquanto cada mãe deveria equilibrar seu amor com a razão. No meu Mestre, em compensação, havia a severidade do pai e a bondade da mãe, sem a cegueira de nenhum dos dois.
E verá nela a sua própria mãe. Para mim, agora, toda mulher é mãe.

Todos nós, sem exceção, temos uma Mãe Divina dentro, uma expressão do Amor de Deus
Todos nós, sem exceção, temos uma Mãe Divina dentro, uma expressão do Amor de Deus

Todas as relações humanas nos foram dadas não para idolatrá-las, mas para idealizá-las. Se você puder aprender a considerar sua mãe como uma manifestação do amor incondicional da Mãe Divina, quando ela se for, encontrará conforto ao se lembrar de que a mãe terrena era apenas a forma em que a Mãe Divina veio morar entre vocês por um breve tempo.
E se tiver perdido a mãe, deve encontrar a Mãe Divina oculta além dos céus. Jamais poderá perder a Mãe Suprema. A mãe que você amou era somente a manifestação da Mãe Cósmica; ela veio velar por você durante certo tempo, para depois fundir-se novamente no ser da Mãe Divina. Como conheço bem essa verdade! E como tive de sofrer para aprendê-la!
Minha mãe terrena era tudo para mim; minhas alegrias despertavam e dormiam no firmamento de sua presença. Lembro-me de uma viagem para casa, durante a qual senti intuitivamente que ela havia falecido; ao chegar à estação ferroviária, corri ao encontro do meu tio, e perguntei-lhe: “Ela ainda vive?” Como fiquei aliviado quando ele respondeu afirmativamente! Se tivesse confirmado meus temores, eu estava disposto a me jogar debaixo das rodas do trem.
No entanto, os acontecimentos demonstraram que meu tio não havia dito a verdade, temendo uma reação drástica de minha parte. Quando soube que minha mãe estava morta, comecei a procurar por todos os lados os seus olhos amorosos, até que as estrelas se converteram em olhos negros que me contemplavam… Mas não eram aqueles olhos que eu amava. Descrevi essa busca em um de meus poemas; não me foi possível encontrar nenhum conforto até que…
Buscando incansavelmente minha mãe desaparecida,
Encontrei finalmente a Mãe Imortal.
Na Mãe Cósmica
Encontrei o amor que havia perdido,
Ao perder minha mãe terrena.
Buscando incessantemente,
Nos incontáveis olhos negros da Mãe,
Encontrei aqueles olhos negros desaparecidos.
Foi então que, ao perguntar à Mãe Divina: “Por que arrancou do anel do meu coração o diamante do amor de minha mãe?” Ela me falou de Seu amor onipresente. Parte do que me disse aparece na continuação:
Arrebatei-lhe aqueles olhos negros
que o aprisionavam,
para que pudesse encontrar
esses mesmos olhos
nos Meus olhos,
e no terno olhar
de todas as mães de olhos negros;
e para que pudesse perceber
em todos os olhos negros
só a sombra
dos Meus olhos.

O aspecto materno de Deus se expressa em toda a Criação, dentro e fora do ser humano, e podemos sentir nossa Mãe Divina como Amor, Santidade e Abundância
O aspecto materno de Deus se expressa em toda a Criação, dentro e fora do ser humano, e podemos sentir nossa Mãe Divina como Amor, Santidade e Abundância

Se lhes fosse possível experimentar o encantamento que se apoderou do meu Ser quando senti que aqueles olhos negros de minha Mãe me contemplavam de todos os lugares, de cada partícula do Espaço! Que bela foi essa experiência! Todo o meu pesar converteu-se em gozo.
Se rezar profundamente, como lhe disse, receberá uma resposta audível. As suas orações ainda não são suficientemente profundas. Mas quando rezar com o coração, elevando incessantemente o seu chamado – com a determinação de não parar de rezar até receber uma resposta – a Mãe Divina lhe responderá.
E verá nela a sua própria mãe. Para mim, agora, toda mulher é mãe. Vejo, inclusive, em todo lugar onde se possa apreciar a mínima manifestação de bondade, a Mãe.

Mãe Divina, ainda que eu seja um mau filho, sou seu filho

Quando pensa em Deus como seu Pai ou Mãe, você compreende por que Ele nunca abandona ninguém, e como é possível perdoar até o maior pecador. Sempre que considere seus pecados incomensuráveis, sempre que o mundo lhe diga que você não vale nada, recorra a Deus em seu aspecto materno.
Diga: Mãe Divina, ainda que eu seja um mau filho, sou teu filho. Quando nós recorremos a seu aspecto natural, Deus nada pode dizer; nós o derretemos. Mas não me interprete mal. Ele não o apoiará se continuar errando. Ao mesmo tempo que você apela à Mãe Divina, é necessário que renuncie às suas más ações.
Há uma grande sabedoria na prática da “confissão”. Ela não apenas limpa a sua consciência, mas também clareia a sua posição: faz-lhe ver o que deve fazer e o que deve evitar. Assim, por exemplo, quando recorremos a um médico, devemos relatar-lhe tudo o que diz respeito à nossa doença, e ele nos prescreverá um tratamento; se seguirmos suas instruções, ficaremos curados.
Se, porém, continuarmos atuando erroneamente de vez em quando, nunca recuperaremos a saúde. O mesmo acontece com a confissão espiritual. Conheço um rapaz que costumava dizer: “Posso fazer o que me agrada, já que na próxima semana, quando me confessar, serei perdoado”. Esse é um enfoque equivocado da confissão. Se, ao se confessar, você não renunciar simultaneamente ao mal, nunca obterá o perdão.
(Paramahansa Yogananda, falando de sua Mãe Divina)

As três classes de Deusas na mulher


   
- Em Mulher Gnóstica

Arquétipo é um modelo ou exemplo de ideias ou conhecimentos do qual se derivam outros tantos para modelar os pensamentos e atitudes próprios de cada indivíduo, de cada conjunto, de cada sociedade, inclusive de cada sistema.
O conceito de arquétipo foi introduzido pelo psicólogo Carl Gustav Jung como um termo dentro do campo do psíquico. A existência do arquétipo só pode ser inferida, já que é, por definição, inconsciente. Porém, as imagens arquetípicas penetram na consciência e constituem-se em nosso mode de perceber o arquétipo. Eles então aparecem na forma de imagens.
Os arquétipos se manifestam através de nossas projeções, o que nos permite inferir sua presença. As estruturas arquetípicas aparecem no homem por meio de formas determinadas: nas mitologias, nas lendas, nos sonhos, em certos desejos coletivos… Os homens dividem uma série de experiências que ficaram, por sua natureza coletiva, incorporadas como padrões de compreensão da realidade.
São as imagens primordiais, os símbolos universais com os quais fazemos uma conexão com dimensões superiores das quais não somos conscientes. São os padrões de energia que expressamos tão espontaneamente como os instintos. São as máscaras que usamos para representar um papel. São a fachada que exibimos publicamente para dar uma imagem favorável e ser aceitos socialmente.
Podemos usar diferentes máscaras em diferentes circunstâncias: uma com a família, outra no trabalho, outra com os amigos etc.
As máscaras ainda podem ser proveitosas ou nocivas, permitem obter benefícios, igualmente podemos nos fusionar demasiado com uma delas, deixando de lado as demais e não permitindo que se manifestem equitativamente todos os aspectos místicos de nosso interior.
Veremos uma parte do universo feminino visto pelos diferentes rostos com os que a Deusa Mãe se expressa no mundo físico através da mulher.
No inconsciente coletivo estão registradas as experiências que marcam de forma profunda a vida de uma mulher, como o ciclo menstrual, o início da sexualidade, a gravidez, o parto e a menopausa.
Essas experiências produzem um impacto diferente em cada ser feminino, as quais são divididas em todas as épocas, mantendo o fio da trama que nos une de forma inegável com a Deusa que vive em todas nós.
Deusa que se expressa em uma multiplicidade de formas, que cresce e se enriquece com o passar dos séculos, chegando até os dias de hoje intacta, como foi idealizada pelas primeiras mulheres que deixaram suas marcas nesta Terra, antes do Começo dos Tempos.
A Mitologia da Deusa é um dos arquétipos femininos e explica as diferentes experiências vividas durante nossa vida.
Tradicionalmente, considera-se que a mulher deve atravessar três etapas diferentes: a mulher jovem, a mulher em sua plenitude ou mulher madura, e a mulher sábia e anciã. Essas experiências psicológicas e físicas únicas caracterizam cada etapa, formando assim os arquétipos pertencentes à mitologia da Deusa.
Cada um dos mitos da Deusa é um arquétipo que se expressa na vida de toda mulher, produzindo um impacto direto sobre seu psiquismo.
Por isso, compreender a mitologia das diferentes Deusas é compreender o reflexo que o arquétipo produz em nós: visto à luz do mito, um pequeno detalhe de nosso comportamento pode ter uma importância maior e revelar-nos as claves de um enigma que tentamos resolver desde há muito tempo.
A versatilidade da mitologia da Deusa possibilita que cada mulher reconheça suas próprias experiências e características dentro de seu contexto, desenhando o Caminho que a levará a seu verdadeiro Ser, e por isso podemos dizer: Há uma Deusa em e para cada Mulher.

Os Conjuntos de Deusas

Podemos resumir, de forma didática, as Deusas Arquetípicas em três classes: as Virgens, as Vulneráveis e as Alquímicas, que são a representação, por meio de suas metáforas, do que uma mulher pode fazer de sua diversidade e de seus conflitos interiores, manifestando a complexidade e as múltiplas facetas do funcionamento feminino.
Essas três categorias podem, por sua vez, ser divididas em outras categorias e fazer com que a lista seja interminável, já que uma deusa pode ser encontrada em várias categorias. Exemplos:
Deusas Virgens, independentes e invulneráveis: Ártemis ou Diana, Ateneia ou Minerva e VestaAmam sua liberdade pessoal, suas próprias decisões e não se deixam influir pelos outros. São as artistas, as inovadoras, e funcionam por si mesmas.
Deusas vulneráveis, maternas e emocionais: Hera, Demeter, Perséfone, Çatal Huyuk. São dependentes dos outros; seus sentimentos e sua ação estão muito influenciados por seus próximos. Muito emotivas, correspondem às esposas, mães, filhas.
Deusas de grande fortaleza pessoal: Ísis, Pachamama, Freya e Coatlicue, entre outras. São deusas criadoras, muito fortes e de grande capacidade de realização e contenção. Exercem uma influência na comunidade.
Deusas de Cura: Minerva, Birgit, Yemanjá. São muito inspiradoras, relacionadas principalmente com os elementos água e fogo, conectadas com emoções mais sutis. Ajudam no contato com o amor e as energias mais invisíveis.
Deusas Obscuras ou Ocultas: Innana, Perséfone e Sekhmet, entre outras. São a sombra, porém não que sejam forças negativas: a parte de cada uma que nos custa ver e assumir. Quando as energias dessas deuses saem à luz, ajudam a mulher a desenvolver o sentido mais profundo da Morte, não necessariamente a morte física, mas de todas as trevas interiores, dando assim um sentido de muita energia, transmutação e transcendência.
Deusas da Compaixão: Tara e Kuan Yin. Generosas, meditativas, sanadoras, Elas nos ensinam a meditação, a misericórdia e a bondade. São de origem oriental e irradiam luminosidade e paz com somente sua presença, e, ainda mais, com sua invocação.
Deusa da Boa Sorte: Lakshmi. Do panteão hindu, representa a deidade da fortuna pessoal, da dita no plano espiritual e na terra. Quando aparecem, os jardins florescem e tudo tende a melhorar. É a Roda da Fortuna, o arcano 10 do Tarô, que todos temos em nosso interior.

A Mãe do Mundo como símbolo e como fato


   
Em Mulher Gnóstica
Por Charles Leadbeater
Será melhor que eu comece com uma declaração definida sobre o que eu pessoalmente sei a respeito da Mãe do Mundo, tratando dos fatos como eles são, e da maneira como eles nos interessam e influem no trabalho que temos de fazer – deixando de lado por ora todos os mitos que se agruparam em Seu redor.
A Mãe do Mundo, então, é um Ser grandioso que está à testa de um grande departamento da organização e governo do mundo. Em verdade Ela é um poderoso Anjo, tendo sob Suas ordens uma vasta falange de Anjos subordinados, a quem Ela mantém perpetuamente empregados no trabalho que Lhe cabe particularmente.
Este trabalho tem tantas e tão maravilhosas ramificações que não é fácil darmos sequer a ideia mais geral dele em poucas frases. Por enquanto bastará dizer que num sentido muito real Ela tem sob Sua responsabilidade todas as mulheres do mundo, e especialmente no tempo de sua provação maior, quando elas exercem a função suprema que Deus lhes confiou, ao tornarem-se mães.

MÃE NATURA - A Mãe do Mundo expressando-se como a Grande Arquiteta da Natureza
MÃE NATURA – A Mãe do Mundo expressando-se como a Grande Arquiteta da Natureza

Contam-se muitas histórias, especialmente entre os camponeses, de mulheres que viram a Mãe do Mundo ao seu lado naquelas horas cruciais, e muitas que não tiveram o privilégio de vê-La mesmo assim sentiram a ajuda e a força que Ela derrama.
Por que A veriam os camponeses, e não as pessoas mais intelectualizadas? Exatamente porque aqueles que se desenvolveram intelectualmente muitas vezes mergulharam naquela parte de sua consciência que exclui grande parte da impressionabilidade preservada pelos outros que vivem mais próximos da Natureza.
Não obstante, às vezes também os mais desenvolvidos A veem. Uma dama da nobreza inglesa me contou que sob circunstâncias similares ela também viu ao lado de seu leito um grande Anjo, que maravilhosamente provocou nela uma espécie de inconsciência, a fim de amenizar a dor em certos momentos.
Talvez seja esta Sua maior e mais impressionante função; mas Ela também tem uma outra que A leva para a mais estreita relação com a humanidade, pois Ela tornou parte de Sua obra tentar mitigar o sofrimento do mundo, agir como Consoladora, Confortadora, Auxiliadora de todos os que estão em atribulação, tristeza, necessidade, doença ou qualquer outra adversidade.
Para aqueles que são alheios a esta linha de idéias eu recomendaria a consulta de uma tocante história intitulada Consolatrix Afflictorum, no livroThe Light Invisible, do Monsenhor R. H. Benson, e também o livreto The Call ofthe Mother, de Lady Emily Lutyens.

DEVI KUNDALINI - A Mãe Divina Íntima, que todos trazemos em nosso mundo ígneo-eletrônico
DEVI KUNDALINI – A Mãe Divina Íntima, que todos trazemos em nosso mundo ígneo-eletrônico

Todos os estudiosos de Teosofia estão a par da existência da poderosa e gloriosa Hierarquia que constitui o Governo interno e espiritual do mundo. Quem deseja entender algo sobre esta organização faria bem em consultar um diagrama muito claro e útil que aparece como a Figura 118 em First Principies of Theosophy, de C. Jinarajadasa.
Deste diagrama vemos que enquanto o Rei Espiritual, o Senhor do Mundo, é supremo acima de todos, e o Senhor Buddha é Seu imediato como Líder espiritual do Segundo Raio, os outros cinco Raios (embora cada um seja governado por seu próprio Regente ou Chohan especial) estão todos reunidos sob a direção de um alto Oficial chamado Mahachohan.
Vemos então que o Senhor Manu Vaivasvata, o Senhor Bodhisattva Maytreia e nosso Senhor o Mahachohan atuam em um certo nível bem definido como representantes dos Três Aspectos do Logos Solar, até onde interessa ao trabalho nos planos inferiores; não conhecemos nenhum outro Grande Ser que esteja naquele nível exceto algum que, tendo desempenhado alta função no passado, agora trabalha em outro lugar.
Ficando assim esclarecidos os degraus da Hierarquia, e tabulado o arranjo dos diferentes Raios e seus Líderes ou Chohans, de imediato se verá que o trabalho da Mãe do Mundo não poderia ser incluído nesta lista, pois este trabalho não pertence a Raio nenhum em especial, mas atua de uma maneira protetora para as mulheres nativas de todos os Raios. Além disso, a lista dada aqui nos indica apenas as linhas de atividade do que podemos chamar de parte humana da Hierarquia.
Mas lembremos que o Senhor Maitreya é o Mestre dos Anjos assim como dos homens, e exatamente do mesmo modo o grande Senhor do Mundo é o Rei Espiritual não apenas da evolução humana, mas também do reino Angélico deste planeta. Sabemos que existe uma seção Angélica da Hierarquia, mas ainda não temos nenhuma informação que nos possibilite compilar para ela uma tabela semelhante.
Sabemos que assim como os Adeptos dividiram o mundo em paróquias, de modo que todas as nações têm algum tipo de orientação Adepta, igualmente cada nação tem um Deva ou Anjo presidente.
Sabemos, além disso, que os Anjos têm uma parte verdadeiramente grande na direção da evolução – que eles também presidem sobre certos distritos, e que há uma elaborada distribuição de Devas menores e maiores, chegando até o espírito local que atua como guardião para um bosque, um vale, um lago. Mas nosso conhecimento ao longo destas linhas é limitado e fragmentário, e a geografia política do mundo sob a ótica da Hoste Angélica ainda está para ser escrita.

MÃE INSTINTIVA - Adorada em todas as tradições e épocas como a Rainha do Centro Instintivo e das Forças Instintivas da Natureza
MÃE INSTINTIVA – Adorada em todas as tradições e épocas como a Rainha do Centro Instintivo e das Forças Instintivas da Natureza

Portanto, provavelmente seja temerário tentarmos uma comparação entre as pessoas altamente evoluídas de ambas as evoluções; mas imagino que não erraremos muito se considerarmos a Mãe do Mundo, Nossa Senhora da Luz, como igual em dignidade aos Chohans que são Líderes de Raios.
Temo que na maioria dos países de língua inglesa a principal dificuldade que devemos encontrar no caminho de tentarmos explicar o ofício e trabalho da Mãe do Mundo será o preconceito extraordinariamente acirrado e irracional do Protestante comum contra a doutrina Católica da Bendita Virgem Maria.
Inevitavelmente seremos acusados de tentarmos introduzir a Mariolatria, de tentarmos secretamente influenciar nossos leitores na direção do ensino da Igreja Romana, pois há uma vasta quantidade de equívocos ligados a este assunto. As Igrejas Romana e Grega envolvem o nome da Santa Virgem em profunda reverência, embora muitos de seus membros saibam pouco sobre o real significado do belo e poético simbolismo ligado a este nome.
A Igreja da Inglaterra limitou um pouco a reverência devida a Ela, enquanto que os outros Cristãos que não pertencem a esta comunhão usualmente consideram que é idolatria cultuar uma mulher -uma atitude mental que é o mero resultado da obtusidade e ignorância.
Se nestes assuntos realmente queremos entender a verdade, devemos começar libertando nossas mentes de todo o preconceito, e o primeiro ponto a compreender é que ninguém jamais cultuou uma mulher (ou um homem) no sentido em que o Protestante ultrajado usa a palavra.
Ele é incapaz de compreender – não quer compreender – a atitude Católica em relação a Nossa Senhora ou aos Santos. Nós que somos estudantes de Teosofia, contudo, devemos adotar uma posição melhor do que esta, e tentarmos descobrir o que de fato constitui a posição Católica antes de condená-la.
Citemos a Catholic Encyclopaedia (verbete ‘Culto’), que pode ser tomada como uma declaração aprovada e abalizada da Igreja Romana sobre o assunto:
“Há diversos graus de culto; se ele é dirigido diretamente a Deus, é culto superior, absoluto, supremo, ou culto de adoração, ou, de acordo com o termo teológico consagrado, um culto de latria. Este culto soberano é devido a Deus somente; endereçado a uma criatura, se tornaria idolatria.
“Quando o culto é dirigido a Deus, mas só indiretamente – isto é, quando o seu objeto é a veneração de Mártires, Anjos, ou Santos, é um culto secundário, dependente do primeiro, e relativo, pois ele honra a criatura de Deus por causa de suas relações especiais com Ele. Os teólogos denominam este como um culto de dulia, um termo de denota servidão, e implica, quando usado para significar nosso culto a ilustres servos de Deus, que seu serviço para Ele é o que constitui seu mérito para nossa veneração.
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“Como a Santa Virgem tem uma posição separada e absolutamente principal entre os Santos, o culto a Ela dedicado se chama hyperdulia”.
Isto me parece tornar todo o assunto admiravelmente claro, e apresentar uma atitude correta e defensável. Já surgiu muita confusão derivada da tradução destas palavras gregas, com suas delicadas nuances de significado, pelo termo único “culto”. Acho que este erro, conjugado à completa ignorância da maioria das pessoas a respeito das sutilezas das distinções teológicas, e sua rapidez fatal em considerar mal a quem delas discorde, tem sido responsável por muitos mal-entendidos e seu consequente ódio.
Sugiro que entre nós e em nossa literatura façamos a distinção claramente, traduzindo como “culto” somente a latreia (aqui temos a versão grega real da palavra, a Encyclopedia usa a forma latina medieval); a douleia (igualmente esta é a forma grega real) poderia ser traduzida como “reverência” ou “veneração”, e hyperdouleia (o mesmo caso das outras palavras gregas) como “reverência profunda”.
Mas o ponto que devemos manter em mente é que nenhuma pessoa instruída jamais, em qualquer lugar ou tempo, confundiu a reverência devida e adequadamente oferecida a todos os grandes e santos Seres com aquele culto superior que só pode ser oferecido a Deus. Sobre isso não haja erro.
Já se falou muitas bobagens sobre idolatria, principalmente de parte de pessoas que são ansiosas demais por impor sua própria crença sobre os outros para terem ou tempo ou inclinação para tentarem entender o ponto de vista de pensadores mais sábios e tolerantes. Se eles soubessem o suficiente de etimologia para perceberem que a palavra “ídolo” significa “imagem” ou “representação”, talvez eles pudessem perguntar a si mesmos do que esta coisa é uma imagem, e se aquela Realidade não estará por trás daquilo que tantos selvagens mal compreendidos cultuam, em vez da madeira ou pedra de que os missionários falam tanto.
A imagem, a pintura, a cruz, o lingam dos shivaítas, o livro sagrado dos sikhs – todas estas coisas são símbolos, e não os objetos de culto em si mesmas, mas são veneradas por aqueles que entendem exatamente porque elas são designadas para nos recordar de algum aspecto de Deus, para voltarmos nossa atenção para Ele.
Na índia estes aspectos são chamados de inúmeros nomes diferentes, e os missionários se apressam em condenar os Hindus como politeístas, mas o serviçal que trabalha em seu jardim poderia lhes dizer que não há senão um Deus, e que todos aqueles são apenas aspectos d’Ele, são linhas para nos aproximarmos d’Ele, divididas e materializadas a fim de trazer a infinitude um pouco mais para dentro da compreensão de nossas mentes muitíssimo finitas.
Há muita necessidade de caridade, de compreensão, e de uma atitude simpática em relação aos outros que estão trilhando outra estrada até os pés do Deus em que todos acreditamos igualmente – o Pai amoroso de que nos fala Cristo, o Deus único e verdadeiro que disse através de uma outra de Suas manifestações: “Todo o culto verdadeiro chega a Mim, por diferente que possa ser seu nome”, e “Por qualquer via que os homens se aproximem de Mim, nesta mesma via Eu os encontro, pois todos os caminhos que os homens trilham são Meus”.
Não exista nada além de Deus, e para quem quer que sinta reverência, adoração, amor, é para o Deus manifesto através dele (em qualquer extensão em que isso ocorra) que esta reverência, adoração ou amor são oferecidos. “Tenho muitas ovelhas que não pertencem a este rebanho; estas também Eu reunirei, e elas ouvirão a Minha voz, e então haverá um só rebanho e um só pastor”.
Tendo assim tentado subir acima do miasma da ignorância e intolerância para o ar puro da justiça e da compreensão, neste espírito abordemos a consideração da bela e maravilhosa manifestação do poder e amor divinos que está por trás do nome da Mãe do Mundo.
Não penso que alguém com nossa educação ocidental considere fácil entender a pletora de simbolismo que é usado nas religiões orientais, e as pessoas esquecem que o cristianismo é uma religião oriental, assim como o budismo, o hinduísmo e o zoroastrismo.
Cristo assumiu um corpo judeu – um corpo oriental; e aqueles a quem Ele falou tinham métodos orientais de pensamento, e não os nossos. Em todas aquelas religiões eles têm um método de simbolismo muito elaborado e maravilhoso, e deleitam-se muito com seus símbolos; eles os movem e combinam, e tratam deles com amor na poesia e na arte.
Mas nossa tendência é mais em direção ao que chamamos de praticidade, e somos propensos a materializar estes ideais todos e, por conseguinte, os degradamos grandemente.
Jamais esqueçamos que nossa religião veio do Oriente, e que se queremos entendê-la devemos primeiro olhar para ela como um oriental olharia, sustando nossas modernas teorias científicas até que sejamos capazes de ver se são adequadas.
Elas podem ser tornadas adequadas, mas a menos que saibamos como somos mais sujeitos a confundir tudo, e corremos o sério risco de presumirmos que o povo que elaborou a alegoria não sabia de nada e estava irremediavelmente errado.
Eles não estavam errados. Aqueles belos e antigos mitos veiculam o significado sem necessariamente apresentar os fatos científicos crus diante daqueles que ainda não desenvolveram suas mentes para compreendê-los daquela forma. Isso era bem entendido na Igreja primitiva.
Há sempre muito mais por trás daqueles pensamentos originais e poéticos dos homens de antanho do que crê a maioria das pessoas. É tolice nos mantermos cheios de preconceito ignorante, muito melhor é tentarmos entender. O que quer que tenha sido artístico ou de ajuda em qualquer religião sempre teve por trás de si uma verdade. Cabe-nos desentranhar esta verdade, cabe-nos retirar as crostas dos séculos e deixar brilhar a verdade.

MÃE CÓSMICA - Senhora e Rainha do Universo Insondável
MÃE CÓSMICA – Senhora e Rainha do Universo Insondável e do Grande Abismo

Isso vale para o belo símbolo Cristão da Bendita Virgem Maria. Há três ideias diferentes envolvidas no pensamento usual a Seu respeito:
– A história da mãe do discípulo Jesus; o que Ela era e o que se tornou depois.
– O mar da matéria virgem, o Grande Abismo, a água sobre cuja face se moveu o Espírito de Deus.
– O aspecto feminino da Deidade.
Estas ideias no decurso dos séculos se confundiram, degradaram e materializaram até o formato em que hoje a história se apresenta, e se tornaram inacreditáveis para qualquer pessoa pensante. Mas não seria assim se analisássemos e entendêssemos seu real significado, se separássemos o mito e o símbolo da crônica da pessoa viva.
A Igreja Romana ensina seus fiéis sobre o Nascimento Virgem de Jesus e sobre a Imaculada Conceição da própria Virgem em Sua mãe, Santa Ana. O primeiro destes eventos é contrário às leis da Natureza (que são as leis de Deus, expressões de Sua vontade) e portanto é impossível que tenha acontecido.
O segundo, imagino, usualmente é tomado (pelo menos por quem não teve maior instrução em teologia) como significando que Nossa Senhora foi concebida, assim como Seu Filho divino, pela sombra do Espírito Santo; mas consultando publicações Romanas autorizadas vi que não é assim, pois o ensinamento é que Ela foi concebida na maneira usual, como o resto da humanidade, sendo seus pais São Joaquim e Santa Ana.
É explicado que a doutrina da Imaculada Conceição significa somente que a mítica culpa prima do que eles chamam de pecado original (que se supõe herdado de Adão) não foi imposta por Deus sobre o embrião de Nossa Senhora.
Desejo ser absolutamente justo em minha exposição desta doutrina notável, mas devo admitir que ela me parece uma invenção teológica desnecessária e mesmo fantasiosa. Jamais encontrei a menor evidência histórica sobre a grotesca história de Adão e Eva e a maçã, e creio que toda a teoria sobre o pecado original é simplesmente um meio tosco de declarar o fato de que o homem traz consigo, de seus nascimentos anteriores, certa quantidade de karma.
Se tentarmos interpretar ao longo desta linha, talvez esta doutrina da Imaculada Conceição possa ser tomada como confirmação da declaração de que Nossa Senhora já havia esgotado todo o Seu karma negativo, e consequentemente entrou em Sua vida na Palestina praticamente sem karma algum. Mas não tenho dados sobre isso.
É um erro apresentar estas ideias como ocorrências factuais na vida de uma mulher judia; não poderia ter sido assim, e por isso não é verdade. Mas se as entendermos como símbolos de certo estágio no processo da Criação, da evolução de um sistema solar, elas encontram seu lugar naturalmente, e são vistas como belas e significativas. Despida delas, a história da vida se torna coerente e crível.
A mesma Igreja tem a Festa da Assunção como comemorativa da elevação de seu corpo físico para o céu – mais uma vez uma impossibilidade patente; mas quando percebemos que isso é só uma descrição poética da entrada de um Adepto triunfante no Reino Angélico, vemos de imediato a adequação de tudo que já se escreveu a respeito, e das maravilhosas pinturas que já inspirou.
Primeiro de tudo, então, consideremos a vida física de Nossa Senhora da Luz, e as consequências que a seguiram e A conduziram a aceitar ao Ofício em que Ela hoje atua.
Deve ser entendido que o discípulo Jesus nasceu exatamente como nascem os demais humanos. Esta estranha doutrina da Imaculada Conceição, uma tentativa de explicar a história da fertilização da Santa Virgem pelo Espírito Santo – todo este grupo de ideias se refere a um mito, a um símbolo; tem um significado real e uma bela interpretação, que logo tentarei demonstrar, mas não tem nada a ver com o corpo físico do discípulo Jesus.
A mãe daquele corpo físico era uma dama judia de berço nobre, mas, segundo a tradição, de parcos recursos. Não precisamos pensar em José (que também, lembremos, era da estirpe de Davi) como carpinteiro, pois isso é parte do simbolismo, e não da história.
Neste simbolismo José representa o Guardião da Santa Virgem, que é a alma do homem. Ele representa a mente, e porque a mente não é o criador da alma, mas apenas seu mobiliador e decorador, José não é um pedreiro, como o Grande Arquiteto do Universo, mas um carpinteiro.
Não precisamos imaginar Nosso Senhor trabalhando em uma carpintaria; isso é só um exemplo da confusão e materialização introduzidas por aqueles que não entendem o símbolo.
A mãe de Jesus, então, era uma nobre dama da Judeia, uma descendente da casa real de Davi. Verdadeiramente Ela, que foi escolhida para uma honra tão alta, deve ter sido pura e verdadeira e de caráter impecável – uma grande Santa, pois ninguém mais poderia ter dado à luz um corpo tão puro, tão maravilhoso e tão glorioso.
Ela levou uma vida santa e divina, de terrível sofrimento (que Ela suportou com maravilhosa paciência e nobreza de alma), mas com suas consolações igualmente estupendas. Sabemos pouco sobre seus detalhes, só ocasionalmente vislumbramos algum na resumida narrativa de seus contemporâneos, mas foi uma vida que faríamos bem em imaginar para nós mesmos, um exemplo pelo qual podemos muito bem agradecer a Deus.
Esta vida A levou até grandes alturas – alto o bastante para tornar possível um curioso e formosíssimo desenvolvimento ulterior, que agora devo explicar.
Estudiosos da vida interna sabem que quando uma pessoa chega ao fim da parte puramente humana de sua evolução – quando o passo seguinte a elevará à condição super-humana de Adepto, para dentro de um reino tão definitivamente acima da humanidade quanto o homem está acima do reino animal, quando ela tiver atingido o propósito pelo qual foi tornada humana -abrem-se diante dela diversas linhas de crescimento, e ela pode escolher qual irá seguir.
Ocasionalmente, também, há condições em que esta escolha pode ser em certa medida antecipada. Não é o local de discutirmos as opções; basta aqui dizer que uma das possibilidades é se tornar um grande Anjo ou mensageiro de Deus – unir-se à evolução Dévica, como é chamada na índia. E esta foi a linha escolhida por Santa Maria, quando Ela atingiu o nível em que a encarnação humana já não Lhe era necessária.
Um vasto número de Anjos jamais foi humano porque sua evolução segue em uma outra linha, mas há Anjos que foram homens, e que em certo estágio de seu desenvolvimento escolheram seguir a linha Angélica, e esta é uma linha muito gloriosa, magnífica e auxiliadora. Assim Ela, que há dois mil anos carregou o corpo de Jesus a fim de que mais tarde ele pudesse ser assumido por Cristo, agora é um poderoso Anjo.
Muito de formoso entusiasmo e devoção foram derramados aos Seus pés ao longo dos séculos, milhares e milhares de monges e freiras, milhares e milhares de homens e mulheres sofredores, achegaram-se a Ela e expressaram sua dor, e oraram para que Ela por Sua vez apresentasse suas súplicas ao Seu Filho.
Este último tipo de prece é um equívoco, porque Aquele que é o Eterno Filho de Deus e ao mesmo tempo o Cristo dentro de nós não precisa de ninguém que interceda por nós junto a Ele. Ele sabe, antes de sequer falarmos, o que é melhor para nós. Nós estamos nEle, e fomos feitos através d’Ele, e sem Ele não teria sido criado nada do que foi criado, nem mesmo a menor partícula de pó de todo o universo.

Ele está mais perto que a respiração, mais perto do que as mãos e os pés.
Ele está mais perto que a respiração, mais perto do que as mãos e os pés

Quem entende não reza pela intercessão de grandes Anjos, porque sabe que Ele, em quem vivem e se movem e têm seu ser todos os Anjos, já está fazendo o melhor que pode ser feito por cada um de nós. Mas assim como alguém pode pedir ajuda a um amigo encarnado – como alguém pode, por exemplo, pedir o encorajamento de seu pensamento – da mesma forma alguém pode pedir ajuda do mesmo amigo humano quando ele tiver deixado sua vestimenta de carne; e da mesma forma alguém pode pedir o mesmo tipo de ajuda a estes grandes Espíritos em seu nível superior.
Não há nada de irracional ou anticientífico nisso. Eu mesmo já recebi cartas de pessoas que sabem que eu estudei estes assuntos, contando que em tal e tal momento eles estariam sob alguma dificuldade – talvez uma operação cirúrgica, ou alguma outra provação – e pediram que eu pensasse neles naquele momento, e enviasse pensamentos de auxílio.
Naturalmente sempre o fiz. E como sei que não existe efeito sem causa, e exatamente da mesma forma não pode haver causa que não produza seu efeito, sei que se eu (ou qualquer um de vocês) tiver o trabalho de fixar o pensamento sobre alguém com problemas ou em dificuldades, e tentar enviar-lhe ideias auxiliadoras, tentar colocar diante dele algo que o fortaleça em seus problemas, podemos ficar perfeitamente certos de que a força-pensamento produzirá seu efeito, que ela viajará e agirá sobre aquela pessoa.
A extensão em que ela pode fazê-lo depende da receptividade da pessoa, da força do pensamento, e de várias outras circunstâncias; mas que produzirá algum efeito podemos ficar absolutamente certos. E assim, quando enviamos um pedido por pensamento amável, auxiliador e fortalecedor para um destes Grandes Seres – seja ele um Santo encarnado, ou já desencarnado, ou um dos grandes Anjos – seguramente aquela ajuda nos chegará, e nos fortalecerá.
Este é o caso da Mãe do Mundo, mas há aqueles que nos querem fazer acreditar que todo aqueles esplêndidos bons sentimentos, todo aquele amor e completa devoção, foram desperdiçados e foi tudo inútil. Por incrível que isso possa parecer a alguém acostumado a pensar em linhas mais largas e sãs, realmente imagino que em sua estranha ignorância eles são o pior dos inimigos da Igreja hoje em dia.
Eles vão ainda além, e dizem que é errado, mau e blasfemo para um homem sentir tal amor e devoção por Ela! Soa como loucura, mas temo que seja verdade que existam tais pessoas.
É claro que a verdade é que nenhuma devoção, nenhum amor, nenhum bom sentimento jamais foram errados, para quem quer que os tenha enviado. A devoção e o afeto muitas vezes têm sido prodigalizados sobre objetos indignos, mas isso não foi um erro de parte do doador -apenas uma falta de discernimento; sempre é bom para ele que se derrame em amor, pois com isso ela desenvolve sua alma.
Lembremos que se amamos qualquer pessoa, é o Deus interior nela a quem amamos; Deus em nós reconhece Deus nela; as profundezas clamam uma pela outra, e o reconhecimento da Divindade é sinônimo de felicidade.
O amante muitas vezes vê no amado qualidades que ninguém mais consegue ver; mas estas qualidades estão nele em estado latente, porque o Espírito de Deus está em todos nós, e a funda confiança e forte afeto do amante tende a invocar à manifestação aquelas qualidades latentes no amado. Aquele que idealiza outrem tende a fazer com que aquela outra pessoa se torne como ele imagina que ela seja.
Poderíamos então supor que toda a maravilhosa e bela devoção endereçada à Mãe do Mundo foi desperdiçada? Qualquer pessoa que pensa assim deve entender bem pouco da economia divina. Nenhum sentimento verdadeiro e santo jamais foi desperdiçado desde que o mundo começou, ou será até que ele acabe; pois Deus, que nos conhece a todos, dispôs que o menor toque de devoção, o menor sentimento de compreensão, o menor pensamento de culto, sejam sempre recebidos e atuem sempre até o máximo de suas possibilidades, e sempre tragam d’Ele uma resposta.
Neste caso Ele, em Sua benevolência, indicou a Mãe de Jesus como o grande Anjo que iria receber estas preces – para ser um canal para elas, para aceitar esta devoção, e encaminhá-la a Ele. Portanto a reverência que oferecemos a Ela, e o amor derramado a Seus pés, jamais nem por um momento foram desperdiçados; eles trouxeram seu resultado, fizeram seu trabalho.
Século após século os mais ricos tesouros da arte tiraram sua inspiração da beleza de Sua divina maternidade; Suas glórias têm sido postas na música mais magnífica; Sua sabedoria tem inspirado os maiores doutores e instrutores da Igreja, pois Ela é o Coração da Sabedoria, a Mãe do amor justo, da paciência e da perseverança e da santa esperança – Ela que guarda todas as palavras de Jesus em Seu coração.
7
Se tentamos entender, veremos o quanto a realidade é maior do que a estreita concepção de que todo pensamento elevado, todo o culto, todo o louvor não dirigido a algum Nome em particular deva se perder inevitavelmente. Por que Deus limitaria a Si mesmo por causa de nossos enganos a respeito de Seus nomes? Ele olha dentro do coração, e não para as palavras.
As palavras são condicionadas pelas circunstâncias externas – pelo lugar de nascimento, por exemplo. Somos Cristão porque aconteceu de nascermos na Inglaterra, ou na América, ou em algum outro país Cristão – e não porque examinamos e comparamos todas as religiões e deliberadamente escolhemos o Cristianismo. Somos Cristãos porque esta era a fé em meio à qual nos encontramos, e assim a aceitamos.
Já lhes ocorreu que se tivéssemos nascido na índia seríamos Hindus ou Islamitas de um modo igualmente natural, e derramaríamos nossa devoção a Deus sob o nome de Shiva, Krishna ou Allah em vez do nome de Cristo? Se tivéssemos nascido no Ceilão ou em Burma seríamos budistas ardorosos. O que estas considerações de local importam para Deus? É sob Sua lei de perfeita justiça, sob o seu esquema de evolução, que uma de Suas criaturas nasce na Inglaterra e outra na índia ou no Ceilão, de acordo com suas necessidades e merecimentos.
Quando qualquer homem derrama sua devoção, Deus a recebe através do canal que Ele indicou para aquele homem, e assim todos se satisfazem e é feita justiça. Seria uma injustiça grosseira e flagrante se a devoção honesta fosse perdida ou rejeitada. Jamais a menor fração dela foi rejeitada. Os caminhos de Deus são diferentes dos nossos, e Sua compreensão destas coisas é muito maior e mais vasta do que a nossa. Como Faber escreveu:
Pois tornamos Seu amor estreito pela falsa limitação nossa, e magnificamos Seu rigor com um zelo que Ele não mostra.
As histórias que ouvimos sobre a Mãe do Mundo podem bem ter seu fundo de verdade. Ouvimos sobre Ela aparecendo em vários lugares para várias pessoas – para Joana dArc, por exemplo. É muitíssimo provável que Ela ou Ele (pois em tão excelsas alturas não há nada semelhante a algo que pudéssemos chamar de gênero sexual) o tenha feito – que este grande Anjo de fato Se tenha mostrado. Não há nenhuma impossibilidade prévia nisso, e é altamente improvável que todas as pessoas que testemunharam estas aparições estivessem iludidas ou hipnotizadas, ou caído em algum estranho engano.
Todos os estudantes sabem que um intenso pensamento sobre qualquer assunto produz fortes formas-pensamento que permanecem muito próximas do limite da visibilidade; já foram criadas milhares de tais formas-pensamento da Senhora da Luz, e podemos estar certos de que Ela jamais deixou de responder e animá-las completa e eficazmente. É certo que, além disso, sob circunstâncias favoráveis algumas se tornam visíveis fisicamente, e mesmo quando permanecem astrais, as pessoas sensíveis muitas vezes podem vê-las. A terrível e inaudita tensão e ansiedade originadas pela Guerra Mundial tornou muitas pessoas sensíveis a impressões psíquicas que antes jamais perceberam. Assim acontece de ouvirmos tantas histórias de aparições bem agora, e as visões ou manifestações da Mãe do Mundo ocupam entre elas um lugar proeminente.
Diz-se ainda que através da fé n’Ela têm-se produzido curas maravilhosas em Lourdes e outros lugares. Provavelmente isso é fato. Não há nada de anticientífico nisso, supô-lo não cai fora do razoável e do bom-senso. Sabemos perfeitamente bem que uma forte efusão de força mesmérica produz certas curas; não temos conhecimento nenhum sobre os limites deste poder, mas é bom lembrarmos que todas estas coisas têm uma verdade por trás.
Assim, pois, foi Ela, a Senhora da Luz, quem enviou através de nossa Presidente (da Sociedade Teosófica) aquele maravilhoso Apelo às Mulheres do Mundo. Em A Fraternidade de Homens e Anjos Geoffrey Hodson escreve sobre Ela:
Ela trabalha sempre pela causa da maternidade humana, e agora mesmo está empregando toda a Sua imensa força e chamando toda a Sua corte Angélica para trabalhar em prol da elevação da maternidade em todo o mundo.
Através de Seus Anjos mensageiros Ela mesma está presente em cada nascimento humano – invisível e ignorada, mas em verdade bastaria que as pessoas abrissem seus olhos e Ela se revelaria. Ela envia sua mensagem aos homens através da Fraternidade:
Em Nome d’Aquele a quem carreguei há muito tempo,
Eu venho em vosso socorro.
Tomei cada mulher em meu coração, para ali ter parte com ela,
para que através disso eu possa auxiliá-la em seu tempo de necessidade.
Elevai as mulheres de vossa raça até que as vejam, como Rainhas,
e para tais Rainhas cada homem seja um Rei,
para que possam ambos se honrar mutuamente,
percebendo a realeza um do outro.
Que toda casa, por menor que seja, se torne uma corte, cada filho seja um cavaleiro, cada infante seja um pajem.
Que todos se tratem mutuamente com cavalheirismo,
honrando um no outro a filiação régia, seu nascimento augusto,
pois há sangue real em todo homem:
SOMOS TODOS FILHOS DO REI!
Agora nos resta considerar como podemos nos valer deste privilégio de servi-La que Ela nos oferece; e também, tratar dos aspectos simbólicos da Mãe do Mundo.

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